Apesar dos esforços das montadoras em nome do aumento da segurança dos automóveis e das vias, o número de vítimas fatais em acidentes de trânsito beira os 1,25 milhão por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Mas 90% dos atingidos estão nos países de média e baixa renda. Pelas bandas da América Latina, onde ficam os menos desenvolvidos, as ações para combater estes números vergonhosos são ínfimos.

Segundo o especialista da Cesvi Brasil o uso da tecnologia autônoma é fundamental para que a paz no trânsito seja algo mais fácil de se atingir

Segundo o especialista da Cesvi Brasil o uso da tecnologia autônoma é fundamental para que a paz no trânsito seja algo mais fácil de se atingir

Esses dados vergonhosos são reforçados pelo fato desses países concentrarem cerca de 54% dos veículos do mundo. “Isso mostra a necessidade de uma atuação mais precisa e efetiva no que refere à segurança viária”, alerta o coordenador técnico de Pesquisa e Desenvolvimento do Cesvi Brasil, Alessandro Rubio.

Segundo ele, que também é membro do Comitê Segurança Veicular do Congresso SAE Brasil 2017, esses números incluem o Brasil, onde se estima que o trânsito faça 50 mil vítimas fatais e mais de 500 mil inválidas por ano, grande parte em fase economicamente produtiva.

Para o especialista, a redução desses números é o grande desafio do Brasil e de muitas outras nações, e faz parte dos objetivos da Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020) da ONU, da qual o somos signatários. Na sua opinião, o uso da tecnologia autônoma é fundamental para que a paz no trânsito seja algo mais fácil de se atingir. “Há muitos recursos disponíveis no mercado brasileiro e auxiliam o motorista a diminuir a distração ao volante e melhorar a dirigibilidade, entre outras funções. A consequência é um transporte mais seguro para todos, com melhoria no fluxo do trânsito crítico dos grandes centros”, observa.

O Nissan Kicks possui equipamentos, como sensores e câmeras, que ajudam o motorista a guiar de forma mais protegida

O Nissan Kicks possui equipamentos, como sensores e câmeras, que ajudam o motorista a guiar de forma mais protegida

Mas o desafio ainda é grande, já que em países da região, o uso destes equipamentos está muito aquém do ideal. Rubio cita que no Chile itens como o sistema de frenagem autônoma não passam de 21% nas versões de veículos disponíveis à venda. No Brasil e Argentina esses números são piores: 6,5% e 19% respectivamente. “Isso demostra que temos um longo caminho a percorrer”, avalia.

Há outra vertente sobre o que se pode fazer para melhorar a segurança viária. O gerente de soluções para o setor Enterprise da fabricante sueca Axis Communications, Paulo Santos, enumera cinco tecnologias que podem impactar o trânsito nas grandes cidades. Na sua opinião, elas trazem soluções para a mobilidade urbana, ao mesmo tempo em que são fundamentais para redução do nível de estresse dos motoristas e, consequentemente, do número de acidentes.

Uma pesquisa feita com motoristas em São Paulo, a maior frota do Brasil, mostra que 52% dos entrevistados gastam pelo menos duas horas por dia no trânsito. “Esse tempo parado provoca impacto na qualidade de vida das pessoas, no nível de poluição e na dinâmica da economia”, acrescenta o especialista. Para Santos, a tecnologia pode ser a principal aliada dos governantes.

Os semáforos podem operar para que o trânsito flua de maneira mais inteligente usando câmeras de videomonitoramento

Os semáforos podem operar para que o trânsito flua de maneira mais inteligente usando câmeras de videomonitoramento

Veja algumas:

Leitura de placas – A leitura ou reconhecimento de placas é uma ferramenta capaz de identificar veículos que não atendam a uma exigência, como carros não-inspecionados que podem quebrar com mais frequência ou poluir o ambiente em níveis fora do padrão. Também é possível criar um cinturão em áreas específicas, como o centro de uma cidade, para que somente os carros de moradores possam circular ali em determinados dias.

Controle de Semáforos – Em um cruzamento, os semáforos podem operar para que o trânsito flua de maneira mais inteligente. Câmeras de videomonitoramento podem, além de registrar a via para fins de segurança, estar conectadas aos semáforos e atuar como sensores que detectam a presença de veículos e controlam o semáforo de acordo com o volume de veículos. Se não há mais carros passando, o sinal fecha nessa via e abre na outra, onde já se acumulam alguns veículos.

Estudos de Tráfego – Qual o fluxo de veículos numa determinada avenida? Passam ali muitos ônibus e caminhões? Haveria melhora se o sentido fosse invertido? Qual o melhor horário para realizar obras numa rua específica? Essas e outras questões dependem do conhecimento sobre o fluxo na região, e esse conhecimento pode ser embasado em dados concretos. As ruas mais estratégicas podem contar com estatísticas detalhadas do número de veículos a cada minuto para ações de curto prazo ou para um planejamento mais estratégico.

Faixas exclusivas – Em algumas avenidas, faz sentido criar faixas dedicadas exclusivamente a ônibus e taxis, ou deixar os caminhões circularem somente nas faixas da direita, ou ainda criar faixas para motos e bicicletas. Toda essa organização pode ser verificada pelas câmeras, em horários determinados pelos gestores de trânsito. A regra, por exemplo, pode ser válida apenas para determinados horários.

Monitoramento remoto – Muitas prefeituras que já possuem câmeras IP de alta resolução para apoiar a segurança estão usando os mesmos equipamentos para verificar o cumprimento de regras de trânsito, como o uso de cinto de segurança ou o uso de vagas para idosos, mesmo sem um agente de trânsito por perto. Caso um veículo estacione em local proibido, como numa rua movimentada atrapalhando o trânsito, o agente na central de controle pode dar zoom, verificar a placa e emitir uma multa. Além disso, as câmeras podem detectar automaticamente a ocorrência de um acidente, e dar um alerta imediato aos gestores. Isso reduz o tempo de interrupção da via.

Fotos: ZF, Renault, PSA/Divulgação

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