O Acelera Aí iniciou no dia 7 de agosto deste ano a publicação da série “Nas asas da história”, que coloca você dentro do mundo do museu EAA Aviation Museum, localizado em Oshkosh, no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, onde é realizado todos os anos a maior feira de aviação do mundo. Nosso colaborador Rodolfo Aquino conta em alguns capítulos tudo sobre esse lugar que fascina quem curte avião, onde a imaginação levanta voo.

Esse é o capítulo 3 e fique ligado porque, em breve, publicaremos o 4.
Com uma incrível coleção de mais de 200 aeronaves históricas e exposições de objetos fascinantes e galerias, o EAA Aviation Museum é um desses lugares imperdíveis.

O museu é uma das mais impressionantes atrações do mundo aeronáutico e um destino que está disponível durante todo o ano para os aficionados pela aviação ou por aqueles que gostariam de conhecer um pouco mais da história aeronáutica.

 

Museu Oshkosh3 1Piper J3 Cub

Este monomotor foi construído entre 1937 e 1947 pela norte-americana Piper Aircraft. Fabricado em estrutura tubular entelada e equipado com um motor Continental de quatro cilindros desenvolvendo 65hp,  ele tinha assentos em tandem. Projetada inicialmente como uma aeronave para treinamento civil, pela sua simplicidade, qualidade, facilidade de voo se tornou um dos mais populares aviões leves de todos os tempos. Sua simplicidade, acessibilidade e popularidade é comparada ao sucesso do Ford Modelo T.

 

Museu Oshkosh3 2Ryan NYP – Spirit of St. Louis (replica)

Essa réplica foi construída em 1977 para comemorar o 50º aniversário do celebre voo solo de 33h30 realizado por Charles Lindbergh de entre Long Island, NY, e Le Bourget, Paris, sobre o Oceano Atlântico. Entre 1977 e 1988, em turnê pelos Estados Unidos, essa aeronave acumulou mais de 1.300 horas de voo.

Era uma aeronave de construção metálica (pesando 975Kg vazia) e equipada com um motor Radial Wright Whirlwind J-5C de nove cilindros, de 223hp (166 kW), com hélice de aço de lamina única. Ela tinha uma autonomia de 4.100 milhas (6.600 km), sendo considerada na epoca uma das melhores e mais confiáveis aeronaves do mundo, motivo pelo qual foi a escolhida para o histórico voo.

 

Museu Oshkosh3 3Bugatti Model 100 Racer – 1938

Diga o nome Bugatti e imediatamente serão lembrados os belos, rápidos e elegantes carros de corrida que dominaram o cenário nas pistas europeias durante os anos 1920 e 1930. Mas a empresa também teve uma única conexão com a aviação: o Bugatti Model 100P. Essa aeronave nunca voou, mas tem uma história para lá de interessante.

Ettore Bugatti começou sua própria fábrica em Molsheim, na região da Alsácia, Alemanha, que ao final da Primeira Grande Guerra passou a pertencer a França e para onde ele emigrou da Itália, tornando-se assim cidadão francês. Na época, Bugatti projetou motores de avião de oito cilindros em linha de 12,7 Litros e 450hp para o governo francês. Esses motores eram tão impressionantes que a US Bolling Commission comprou por US$ 100.000 a licença para que eles fossem produzidos pela Duesenberg Motor Co.

O interesse de Bugatti em aeronaves aumentou após a Primeira Guerra Mundial. Contagiado pelo grande sucesso nas corridas de automóveis, ele decidiu fazer frente aos alemães no Coupe Deutsch de la Meurthe, uma corrida aérea equivalente ao Thompson Trophy Race realizado nos Estados Unidos. Decidido a derrotar os alemães, ele contratou o engenheiro Louis de Monge para projetar o avião que, no conceito original, era uma aeronave monomotora, mas que depois em um esforço para quebrar o recorde mundial de velocidade foi modificada para acomodar dois motores Bugatti modelo 50B de 5 litros produzindo 470hp cada.

A construção da aeronave foi iniciada no segundo andar de uma fábrica de móveis nos arredores de Paris e o governo francês, impressionado com design avançado da aeronave, contratou Bugatti para desenvolver um caça baseado no Model 100P.

Porém, entre 1938 e 1939, enquanto o Modelo 100P orignal estava em construção, aumentou muito a ameaça da eclosão da Segunda Grande Guerra. Assim, a aeronave que deveria ser concluída até setembro de 1939 para entrar na corrida, não teve o prazo cumprido e o impressionante e futurista avião nunca foi para o ar.

Em junho de 1940, quando os alemães se aproximaram da capital francesa, Bugatti decidiu esconder o avião que ainda não estava completo. Ele foi baixado por uma janela do segundo andar da fábrica e levado para uma fazenda no interior da França. Lá, escondido em um celeiro, o avião que nunca voou residiu por quase 30 anos.

Após a morte de Ettore Bugatti, em 21 de agosto de 1947, aos 66 anos, a aeronave foi adquirida por um tal Sr. Pazzoli, que a vendeu para um Sr. Salis, que, por sua vez, em 1970, a vendeu para um americano aficionado por carros chamado Ray Jones. O único propósito de Jones em comprar o 100P foi o de obter os dois motores Bugatti ainda na aeronave. Ele então trouxe o avião para os EUA, removeu os motores e vendeu a aeronave para o Dr. Peter Williamson. Em fevereiro de 1971, Williamson levou a aeronave para Connecticut para iniciar sua longa restauração. Em 1979, a restauração foi parcialmente concluída e a aeronave foi doada ao Museu da Força Aérea com a esperança de conclusão do trabalho.

Lá, a aeronave permaneceu armazenada por mais 15 anos antes de ser doada ao EAA Aviation Museum, em 1996, onde os esforços de restauração começaram imediatamente para preparar a aeronave para exibição. Atualmente, o Bugatti fica num lugar de destaque.
Museu Oshkosh3 4

Pitcairn PCA-2 Autogiro ‘Miss Champion’ – 1931

Em 1923, na cidade de Madri, Espanha, o piloto de testes, tenente Gomez Spencer, voou pela primeira vez o autogiro inventado por Juan de la Cierva, marcando assim o primeiro voo controlado de uma aeronave de asa rotativa.
O autogiro, o predecessor direto do helicóptero, usa grandes pás de um rotor sem impulsão mecânica, usando para sustentação somente a autorrotação, muito parecido com uma semente de “helicóptero” de árvore que gira em torno de si mesma ao cair no solo.

Ao contrário da semente que cai, o autogiro pode continuar voando porque é impulsionado à frente por uma hélice movida a motor, muito parecida com um avião convencional. Assim, com as pás do rotor girando pelo deslocamento de ar, agindo como as asas de um avião, ela permitem um voo lento e aterrissagens quase verticais.

Em 1929, o designer de aeronaves Harold F. Pitcairn comprou os direitos da invenção de Cierva e começou a construir seus próprios autogiros na Pensilvânia. Porem não houve muito interesse do público por estas maquinas voadoras já que, dois meses antes, Amelia Earhart tinha voado em uma a uma altitude recorde de 18.415 pés. Buscando chamar atenção para este artefato, em 22 de abril de 1931 o piloto de testes de Pitcairn, Jim Ray, pousou um no gramado da Casa Branca demonstrando a sua capacidade de pouso e decolagem.

Sabendo que os autogiros atraíam a atenção por onde quer que voassem, em 1931 a Champion Spark Plug Company decidiu comprar um PCA-2 e usá-lo como um outdoor voador para anunciar suas velas de ignição. A empresa o pintou de azul escuro com lâminas e asas de rotor amarelo vivo, e depois colocou um grande logotipo da Champion na lateral. A aeronave tornou-se imediatamente conhecida como Miss Champion.

Ainda neste ano, o Capitão Lewis Yancey voou com Miss Champion mais de 6.500 milhas, visitando 21 estados e 38 cidades e em todos os lugares que o Autogiro voou foi a principal atração. Em janeiro de 1932, o capitão Yancey levou Miss Champion para mais de 300 milhas de Miami, na Flórida, para Havana, Cuba. De lá, ele voou pelo Golfo do México até a Península de Yucatán, no México, onde usou o Autogiro para ajudar os arqueólogos a explorar as ruínas maias. O voo lento do Autogiro e suas características espetaculares de pouso permitiram aos arqueólogos fazerem muitas descobertas que nunca poderiam ter encontrado se ficassem somente no solo.

No final de 1932, depois de retornar aos EUA, a Champion Spark Plug Company aposentou o Miss Champion, que foi colocado em exibição no Museu de Ciência e Indústria de Chicago. Porém, após um periodo de degradação, acabou coberto de pó em um celeiro até ser resgatado, em 1982, por Steve Pitcairn, filho de Harold Pitcairn. Em 1986, após concluir a restauração do Miss Champion, Pitcairn voou com ele para Oshkosh, onde, em setembro de 2005, o Miss Champion se juntou à coleção permanente do EAA AirVenture Museum.

 

Museu Oshkosh3 5Boeing/Hughes Super Stearman 1943

O Super Stearman nasceu das mãos do lendário piloto do show aéreo Joe Hughes, que queria algo ainda melhor do que o Stearman, de 450hp, para os seus shows aéreos e especialmente para o trabalho cinematográfico que fazia frequentemente. O primeiro Super Stearman foi construído a partir do modelo básico e gradualmente aperfeiçoado com a introdução de uma série de mudanças e soluções de engenharia para atender aos parâmetros estabelecidos por Hughes.

Entretanto, foram enfrentadas uma série de problemas que exigiram muitas alterações em modificações já aplicadas. Assim, uma vez que todos os bugs foram resolvidos, foi tomada a decisão de construir um segundo Super Stearman a partir do zero, usando as lições aprendidas com a primeira aeronave.

Em janeiro de 1977, começou o trabalho na segunda aeronave com Hughes, o mecânico Marty Corcoran e o engenheiro Floyd Perry. Para construir este novo avião a tempo de participar da próxima temporada do show aéreo, eles evitaram mudanças muito radicais e buscaram preservar ao máximo a estrutura original do Stearman. Externamente, as únicas modificações percebidas são os cabos extras de sustentação das asas. O motor Pratt & Whitney R-1340-AN-1 foi testado com potência de até 850hp, mas, por segurança, foi limitado a 650hp.

Fotos e texto: Rodolfo Hauck, colaborador do Acelera Aí (*)

Metalmoro 20(*) Rodolfo Luiz Aquino Hauck tem 39 anos de experiência na indústria automobilística e sempre esteve envolvido com competições automobilísticas desde 1976, quando iniciou no Kart, fazendo provas de Turismo e rally. Por seis anos, foi responsável pelo desenvolvimento e preparação de carros de endurance e rally de uma montadora. Trabalha atualmente também com fotografia.

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