A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) promoveu esta semana, nos dias 1, 2 e 3 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo (SP), a 15ª edição do salão Veículo Elétrico Latino-Americano, que foi realizado junto a 2ª edição do Congresso da Mobilidade e Veículos Elétrico (C-MOVE). A feira e o congresso reuniram os principais representantes dos setores de componentes, tecnologia e infraestrutura para veículos elétricos, apresentando o que há de mais moderno em mobilidade elétrica no Brasil.

Na opinião de Ricardo Guggisberg, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), devido a diversos fatores e ao momento atual do mercado global, a edição deste ano, a 18ª, representou um marco para os veículos elétricos no Brasil. “Na nossa visão, essa edição é um divisor de águas. A partir das últimas medidas governamentais, incentivos e conquistas que tivemos perante aos governos municipais, estaduais e federal, construiu-se um mercado e os reflexos estão no evento”, disse Guggisberg.

Ricardo Guggisberg, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico – ABVE (Foto: Eduardo Aquino)

O presidente da ABVE ressaltou que os veículos elétricos estão transformando a mobilidade, pois “nenhum outro tipo de veículo trouxe tanta oportunidade de deslocamento e de emprego quanto o veículo elétrico”. Ricardo disse que assim que os veículos elétricos tiverem um “preço de prateleira” mais próximo dos outros veículos, eles vão decolar. “E esse preço depende de incentivos, produção em grande escala e redução dos custos”.

Aprender a usar

Muitos meios de locomoção movidos a eletricidade mostrados na feira são muito diferentes dos meios tradicionais e exigem uma aprendizagem. Para que os visitantes pudessem se familiarizarem com essas novas tecnologias, os organizadores e fabricantes montaram uma pista, na qual os visitantes testaram skates, patinetes, monociclos, patins elétricos, bikes, entre outros.

Associação de proprietários

Isso mesmo! No Brasil, já existe desde 2015 a Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores, a Abravei. Conversamos com o vice-presidente da Abravei, Rodrigo Almeida, um apaixonado pelo ideal que representa o veículo elétrico e que foi visitar o Salão em sua bike elétrica dobrável. “Nossos objetivos são defender os interesses dos proprietários, ajudar a promover a mobilidade urbana sustentável e ajudar a promover a infraestrutura de recarga”.

Carregadores

Um dos problemas dos carros elétricos é exatamente o tempo gasto na recarga das baterias. Por isso, o salão Veículo Elétrico Latino-Americano foi um desfile de carregadores. A empresa Eletric Mobility, do empresário português Eduardo José de Souza, que já vendeu mais de 1.000 carregadores no Brasil, mostrou um modelo de recarga ultra rápida, que possibilita o uso em modelos elétricos mais sofisticados que estão chegando ao Brasil, como Jaguar I-Pace, Audi E-Tron e Porsche Taycan, além da recarga de ônibus e caminhões.

Compartilhamento

É uma palavra que faz cada vez mais parte do vocabulário da mobilidade urbana. No Salão, a empresa BeepBeep apresentou o seu aplicativo para compartilhamento de veículos 100% elétricos (no caso o Renault Zoe). Fábio Barreto, da BeepBeep, conta que “nós já temos 60 estações aqui em São Paulo, onde o cliente pode retirar e deixar o veículo. Cobramos R$ 4,90 para desbloqueio e R$ 0,60 por minuto, mas quanto mais ele usar, mais cai esse preço por minuto”.

Congresso

Paralelo ao Salão, foi realizado também no Transamérica Expo Center o Congresso da Mobilidade e Veículos Elétricos (C-MOVE), com palestras e debates sobre temas ligados aos veículos elétricos (híbridos, baterias, carregadores, carros autônomos, entre outros) e fomento de novos negócios para a mobilidade elétrica no Brasil.

Entregas urbanas

Muitos expositores focaram em veículos de carga com facilidade para deslocamentos em grandes centros urbanos, como esse furgãozinho chinês mostrado pela importadora Maggias, que leva 330 quilos de carga útil e tem um baú de 5 metros cúbicos, 120 quilômetros de autonomia. Pré-venda em janeiro (por R$ 80 mil) e entrega em abril de 2020.

JAC Motors

Um dos destaques da marca chinesa, que anunciou recentemente a vinda de cinco modelos elétricos para o Brasil (três SUV’s, uma picape e um caminhão leve), foi o pequeno iEV 20, que chega em janeiro de 2020 por R$ 119.900. Ele tem 3,78m de comprimento, motor de 68cv de potência e 21,9kgf de torque e autonomia de 320 quilômetros, podendo chegar a 400 com a função Low acionada.

Kart elétrico

Os fabricantes e os organizadores do Veículo Elétrico Latino-Americano montaram uma pista de kart dentro do pavilhão, na qual os visitantes puderam conhecer um kart elétrico e se divertir, acelerando sem fumaça e sem barulho.

Monociclos

Eles estão fazendo muito sucesso no recém-criado mercado brasileiro de veículos elétricos portáteis. Que o diga a empresa Eletricz, com sede em São Paulo (SP), que vende patinetes, monociclos e bikes. Criada em julho de 2018, ela faturou R$ 700 mil no ano passado e pretende faturar mais de R$ 3 milhões este ano e cerca de R$ 5 milhões em 2020. Nesta conta, os monociclos respondem por 80%. “As pessoas estão despertando para uma revolução na mobilidade urbana no Brasil”, diz Márcio Canzian, um dos fundadores da Eletricz, que pretende abrir loja em BH em 2020.

Motos elétricas

Com um design retrô, dos anos 1950, lembrando o estilo da época denominado “café racer”, uma moto que chamou a atenção dos visitantes foi a chinesa Super Soco, que será importada pela empresa Energie Mobi. A Super Soco é equipada com motor Bosch de 3.000 watts, bateria de íons de lítio (além de bateria extra), quadro em aço carbono (pesa apenas 70 quilos) e tem autonomia de até 160 quilômetros.

Ônibus em Sampa

O Salão também teve espaço para os pesados. A chinesa BYD exibiu um ônibus urbano, encaroçado pela Caio, que dentro de mais alguns dias estará rodando pelas ruas de São Paulo. Com motor de 410cv de potência e capacidade para 31 passageiros sentados e 49 em pé, ele tem 250 quilômetros de autonomia.

Patinetes

O “boom” do momento nos grandes centros urbanos em termos de mobilidade se refletiu nos estandes do Veículo Elétrico Latino-Americano 2019, onde o visitante se deparava com uma infinidade de modelos de patinetes, de diversos tamanhos, formas e preços (os mais sofisticados, ultrapassavam os R$ 8 mil).   

Reciclagem

Uma das principais questões que vêm à tona quando se fala de carros elétricos é a reciclagem das baterias. E a empresa belga Umicore esteve presente no Salão, mostrando soluções baseadas em “economia circular”. Segundo Ricardo Rodrigues, gerente comercial da empresa, “promovemos no Brasil a captação dessas baterias, enviamos para a Bélgica, onde é feito o processo de reciclagem, que consiste na desmontagem, separação das partes metálicas das células, que depois são fundidas numa liga metálica, na qual são separados quimicamente os metais que voltam ao ciclo produtivo para a fabricação de uma bateria nova”.   

Reinvenção da roda

Muita gente fala que é impossível “reinventar a roda”. Mas a empresa Ducati Energia não pensa assim e criou uma roda elétrica que transforma uma bicicleta tradicional em bicicleta assistida por pedal. “Ela pode ser instalada em qualquer bicicleta, tem cinco marchas e autonomia de 60 quilômetros e desenvolve 25km/h”, explica o gerente de novos negócios da empresa, Vaber Fernandes.

Renault

A marca expôs três modelos movidos somente a eletricidade: o pequenino Twizy, o hatch compacto Zoe e o furgão Kangoo. Além do estande, os três também marcaram presença na pista de teste que os organizadores montaram dentro do pavilhão. Somente o Zoe está à venda para o público, por R$ 149.990. O Twizy e o Kangoo são comercializados por encomenda, que é analisada pela Renault.

Scooters

Eles povoaram essa edição do Veículo Elétrico Latino-Americano. De várias marcas e vindos principalmente da China, muitos fazem parte de projetos de compartilhamentos e de frotas de aluguel em grandes centros urbanos.

Termômetro

Alguns modelos, como esse pequenino e simpático eQ1, da chinesa Chery Caoa, foram exibidos para testar a reação do público. Pelo tanto de gente que quis entrar e saber informações do carrinho (3,2m de comprimento, 2,15m de entre-eixos, peso de 1.015 quilos, estrutura em alumínio, carroceria de plástico, teto de vidro, motor de 41cv e autonomia que chega a 410 quilômetros) é quase certo que a marca vai trazê-lo para o Brasil em 2020.

Toyota

O destaque foi o recém-lançado Corolla Hybrid, o primeiro híbrido flex do mundo, que tem como pontos positivos o baixo nível de consumo e o amplo espaço interno, já que a bateria de níquel-hidreto metálico fica debaixo do banco traseiro. Ao ser questionado por que a Toyota optou por produzir apenas híbridos, em vez de 100% elétrico e híbridos plug-in (cujas baterias são recarregadas na tomada), o gerente de assuntos governamentais, Thiago Sugahara, disse que “cada mercado tem a sua particularidade e que o Brasil tem uma tecnologia importante voltada para o etanol, um combustível renovável”. No estande, também estavam Prius e RAV4 híbrido.

Texto e fotos: Eduardo Aquino, enviado especial a São Paulo

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