Entre os dias 22 e 28 de julho deste ano, na cidade de Oshkosh de 66.700 habitantes, situada às margens do Lago Winnebago, no Estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, aconteceu a 50ª edição do EAA Air Venture, período que uma multidão de aproximadamente 642.000 aficionados por aviação invadiu por terra e ar o aeroporto local, o Regional Wittman Field Airport, que nessa época torna-se o aeroporto mais movimentado do mundo.

É importante observar que apesar do brutal acréscimo de pessoas, esse evento é extremamente benéfico para cidade, uma vez que a população local recebe muito bem os visitantes. Uma das coisas que me impressiona muito é a capacidade que tem o EAA de a cada ano se reinventar. Como pode em um evento que acontece a 50 anos consecutivos, sendo hoje a maior feira de aviação do mundo, com muito do mesmo e esse muito do mesmo ser tão diferente do que aconteceu nos oito anos anteriores em que tive o privilégio de estar presente? Então vou tentar transmitir um pouco deste meu sentimento.

Muitos visitantes aproveitam para reforçar seu orçamento trabalhando diretamente no evento, alugando suas casas no período, com pequenos negócios abertos só durante a feira, etc. Neste período, o evento injeta na economia local aproximadamente US$ 170.000.000.

Não importa como, o importante é estar em Oshkosh.

Os militares

As forças armadas sempre prestigiam o evento, seja com apresentações (este ano foram muito rápidas) de suas esquadrilhas ou exibindo o seu inventário.

Thunderbirds, a “Esquadrilha da Fumaça” da USAF (United States Air Force)

Blue Angels, a “Esquadrilha da Fumaça” da USN (United States Navy)

O F22 raptor, caça de 5ª geração, com a pós combustão acionada.

O F35, o mais novo caça da USAF, também de 5ª geração, fez a sua aparição.

A-10 Fairchild Repúblic Thunderbolt, com seu poderoso canhão rotativo Gatling GAU-8 A Avenger, de sete canos, que pode disparar numa cadência de até 4.200 projeteis perfurantes e Incendiários por minuto, também marcou presença.

Capaz de operar em condições adversas, o Hercules LC 130H é dotado de “esquis” e foguetes para auxílio em decolagens curtas

E é com o maior orgulho que continuam a ostentar os dizeres World’s Busiest Control Tower (Torre de Controle mais Movimentada do Mundo), que, neste ano, foram 127 pousos e decolagens por hora, que resultou em 16.807 operações no período.

Só para se ter uma ideia, Guarulhos, que é o aeroporto mais movimentado do Brasil, opera 55 pousos e decolagens por hora.

11.000 aviões

Mas o EAA Air Venture é muito mais do que pousos e decolagens, os números são impressionantes, foram quase 11.000 aviões presentes, 2.758 shows e apresentações acrobáticas, 1.500 Fóruns e Workshops com a participação de aproximadamente 75.000 pessoas, 642.000 visitantes, dos quais 2.772 (que se registraram) eram estrangeiros de 93 países e 5.000 voluntários.

Aproximadamente 40.000 pessoas acamparam em 12.300 locações, sendo que mais da metade dessas ocupadas por motorhomes, trailers e motor trailers.

Leia também: Nas Asas da História (4)

Um acontecimento marcante nesta 50ª edição foi a capacidade dos organizadores em reagir a situações inesperadas. Nos quatro dias que antecederam a feira, choveu na região mais de 60% do volume total histórico previsto na região para todo o mês, um verdadeiro dilúvio. A área dedicada aos acampantes, que nos meses anteriores à feira é usada para cultivo de gramíneas para produção de feno, ficou encharcada, impossibilitando o acesso de veículos, principalmente os motorhomes. Os organizadores rapidamente trataram de drenar as áreas mais afetadas, reordenaram os espaços de estacionamento de veículos e aviões, alocaram os acampistas nos gramados que circundam o EAA e assim a emergência envolvendo 40.000 pessoas e mais de 6.000 motorhomes e trailers foi completamente contornada.



Edição: Eduardo Aquino e Luís Otávio Pires

Texto e fotos: Rodolfo Luiz Aquino Hauck



Metalmoro 20

(*) Rodolfo Luiz Aquino Hauck tem 40 anos de experiência na indústria automobilística e sempre esteve envolvido com competições automobilísticas desde 1976, quando iniciou no Kart, fazendo provas de Turismo e rally. Por seis anos, foi responsável pelo desenvolvimento e preparação de carros de endurance e rally de uma montadora. Trabalha atualmente também com fotografia.