Os primórdios da aviação coincidiram com um período de grande desenvolvimento (e demanda) de motores de combustão interna. A necessidade de se gerar maiores potências sem incremento de peso foi o objetivo perseguido por projetistas e engenheiros, que resultou em importante desenvolvimento, porém, ainda carentes de motores mais eficientes de boa relação peso/potência, o que também limitou muito o uso de motores automotivos, que tinham compromisso com potência mas não tanto com o peso.

Crescimento do setor aeronáutico

No período compreendido entre a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, o mundo experimentou considerável crescimento do setor aeronáutico, com consequente desenvolvimento dos motores. A partir daí, surgiram muitos avanços que hoje conhecemos e nos habituamos, tais como motores turboalimentados, intercooler, radiadores de óleo, anti-congelantes, etc.

Entretanto, com a maior eficiência e aproveitamento térmico dos motores, também vieram alguns problemas, como os de lubrificação devido à contaminação e degradação do óleo lubrificante, do combustível que, por apresentar baixa octanagem, provocava o fenômeno da detonação resultando em perda de potência, superaquecimento e inúmeras falhas mecânicas. Paulatinamente estes problemas foram sanados, atendendo às necessidades da época.

Relação peso/potência

Apesar do desenvolvimento de motores não haver parado com a chegada da Segunda Guerra Mundial, as novas doutrinas de combate e performance dos aviões elevaram muito as exigências e novamente houve um salto no desenvolvimento de motores, que tiveram uma melhora na relação peso/potência e na confiabilidade.


Mais notadamente nos Estados Unidos, pós Segunda Guerra Mundial, a construção amadora de aeronaves iniciada por volta de 1924 ganhou novo impulso, que por sua vez demandou maior variedade de motores, já que os que eram até então utilizados nas aeronaves em produção tinham bastante potência, mas eram muito pesados, consumiam muito e de elevado custo de aquisição e manutenção.

Produção e manutenção


Uma vez que os tradicionais motores aeronáuticos se mostravam inadequados à construção amadora de aeronaves, nasceu a busca por motores automotivos, por terem elevada produção e seu custo de aquisição e manutenção mais baixo.


Mais recentemente, a indústria automobilística com o desenvolvimento tecnológico, a larga utilização de eletrônica e o emprego de ligas leves tem conseguido considerável incremento de confiabilidade e potência aliada à redução de peso, o que, com adoção de redutores em motores de alta rotação, se encaixa perfeitamente nas necessidades dos Homebuilders. Citaremos a seguir alguns exemplos.

O Milholland Legal Eagle equipado com o Half, um “meio” VW que produz 30hp. Esse aqui originalmente um made in Brazil.


Esse foi originado do Chevrolet Corvair 2,7 de seis cilindros refrigerado a ar, gerando 100hp a 3.150rpm. Devido às suas características muito próximas de um motor aeronáutico, ele foi um dos primeiros motores automotivos a ser utilizado.


Um Honda 1.5, que gera 130hp e equipa um Trike.

O V8 em alumínio, que desenvolve 315hp, é originário do GMC Sierra.


O Theta II 2.0 MPI, de origem Kia/Hyundai (Ix 35), com turbo, gera até 260hp a 5.800rpm com redutor 2.59:1

O tri cilíndrico 1.0 de origem Suzuki Swifth, gera 85hp a 6.000rpm e é dotado de um robusto redutor de 2.43:1.

O Mercedes Benz OM 654, de quatro cilindros, turbodiesel, gera 194hp, pesando 160 quilos, e tem como principais atributos o baixo consumo aliado à alta confiabilidade.

O AeroVee Turbo, um VW 2.2 que desenolve 100hp a 3.400rpm e dispensa o uso de redutores. Com opção para uso de AvGas ou Auto Fuel (gasolina automotiva de 90 octanas).


E assim espero ter conseguido mostrar um pouco do que foi o 50º EAA Air Venture 2019, ou simplesmente Oshkosh 2019, em breve publicaremos uma matéria contando um pouco da interessante história do Nose Art (foto abaixo).

Edição: Eduardo Aquino e Luís Otávio Pires

Texto: Rodolfo Luiz Aquino Hauck

Metalmoro 20

(*)Rodolfo Luiz Aquino Hauck tem 40 anos de experiência na indústria automobilística e sempre esteve envolvido com competições automobilísticas desde 1976, quando iniciou no Kart, fazendo provas de Turismo e rally. Por seis anos, foi responsável pelo desenvolvimento e preparação de carros de endurance e rally de uma montadora. Trabalha atualmente também com fotografia.

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