Ao caminhar por Fightertown não tem como não prestar atenção à enorme quantidade de North American AT-6 ali presentes. É lindo ver este tão versátil e amado treinador que fez parte da vida de praticamente todos pilotos americanos e muitos aliados que participaram da Segunda Guerra.

North American AT-6 (Foto: Rodolfo Hauck)
North American AT-6 (Foto: Rodolfo Hauck)

Esta mítica aeronave até hoje encanta uma multidão de aficionados com suas linhas simples e harmoniosas e a sinfonia inconfundível de seu motor radial de nove cilindros.

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De construção robusta foi capaz de suportar as duras missões de treinamento, inúmeras modificações e apresentações acrobáticas. Também foi eventualmente empregado como aeronave de ataque em algumas das 36 forças aéreas em que o utilizou ao longo dos seus mais de 40 anos em serviço militar. Hoje, graças aos seus atributos e paixão que desperta, podemos vê-los incrivelmente bem preservados voando em mão de civis.

North American AT-6 (Foto: Rodolfo Hauck)
North American AT-6 (Foto: Rodolfo Hauck)


A origem do T-6 remonta aos primeiros anos da década de 1930, quando a General Aviation Corporation, que mais tarde se tornaria a North American Aviation, projetou um pequeno monomotor de asa baixa com dois postos de pilotagem em tandem, cockpit aberto e trem de pouso fixo, destinado à instrução, então designado GA-16.

  North American AT-6 (Foto: Rodolfo Hauck)
North American AT-6 (Foto: Rodolfo Hauck)

Equipado com um motor radial de nove cilindros Pratt & Whitney R-1340-AN-1 Wasp gera 600 hp, alcança uma velocidade máxima de 335 Km/h e uma razão de subida de 6,1 m/s. Podia ser armado com até três metralhadoras de 7,62 mm duas voltadas para frente sob as asas e uma na parte traseira do cockpit. Também podia levar até quatro bombas de 100 lbs (45,3 kg) em pontos duros sob as asas.
A FAB operou um total 448 “T Meia” de diversas versões, sendo que 81 foram produzidos pela empresa Construções Aeronáuticas S.A., a chamada “Fábrica de Lagoa Santa”. Localizada no Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (MG), a partir de 1946 produziu 61 unidades no regime CKD e 20 com diversos componentes nacionalizados.

Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)
Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)

Mesmo antes do início do conflito no Pacífico, a Marinha Norte Americana percebeu que o seu torpedeiro padrão o Douglas TBD Devastator estava obsoleto. Assim, apresentou requisitos para uma nova aeronave. A vencedora foi a Grumman Aircraft Engineering Corporation, que por uma ironia do destino no dia 7 de dezembro de 1941, o dia do ataque japonês a Pearl Harbor apresentou o protótipo, que não por acaso foi batizado de Avenger (Vingador).

Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)
Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)

O avião projetado pela equipe da Grumman liderada por Bob Hall. R. Koch, seguramente não ganharia concurso de beleza algum. Com três tripulantes e capaz de operar a partir de porta-aviões, era uma aeronave extremamente robusta, fortemente blindada e equipada com o que havia de mais moderno na época. O Avenger era equipado com o motor radial Wright R-2600 Cyclone de 14 cilindros, desenvolvendo a potência de até 1.900 hp, que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 442 Km/h e uma razão de subida de 10.5 m/s.
O armamento era constituído de duas metralhadoras Browning M2 de cal .50 (12,7 mm) nas asas operadas pelo piloto, prioritariamente usado para ataques alvos de oportunidade. Para defesa, era dotado uma metralhadora Browning M1919 ventral de 7,62 mm operada pelo bombardeiro/radio navegador e uma Browning M2 dorsal de cal .50 operada pelo artilheiro.

Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)
Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)

Era capaz de levar uma ampla gama de armamentos ofensivos que, conforme a missão, poderia ser equipado com um torpedo MK XIII-2, ou levar na seu compartimento de bombas até 2.000 lbs (907 kg) de diferentes artefatos. No papel de bombardeiro poderiam ser utilizadas quatro bombas de 500 lbs (226,7 Kg) ou doze de 100 lbs (45,3 Kg) contra alvos de superfície.

Devido à sua versatilidade poderia ainda levar duas cargas de profundidade Mark 6 de 300 lbs ou ainda oito foguetes não guiados de alto poder explosivo.

 Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)
Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)

Para época, para um avião do seu porte, o Avenger era muito bem equipado. Além de toda instrumentação de navegação, comunicação e mira havia algumas versões equipadas com radar.

Porém, é importante observar: pela natureza da missão, o lançamento de torpedo era de extremo risco, já que o avião deveria voar baixo e nivelado diretamente em direção ao alvo. Dá para imaginar o que vinha de fogo antiaéreo de um navio de guerra como um Destroyer, um Contratorpedeiro ou mesmo um Porta Aviões. Assim mesmo bem equipado, armado e blindado as perdas de aeronaves e tripulações eram enormes.

  Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)
Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)

Nomes famosos estiveram ligados aos Avengers, como ex-presidente dos Estados Unidos George H. W. Bush que pilotou o TBF Avenger durante a guerra no Pacífico. Em setembro de 1944, durante um ataque a alvos na ilha japonesa de Chichi Jima, Bush foi atingido e mesmo com sua tripulação morta conseguiu lançar suas bombas acertando o alvo antes de ser abatido. Este feito o que lhe valeu a condecoração Distinguished Flying Cross da Marinha dos Estados Unidos.

Grumman TBF Avenger (Foto: Rodolfo Hauck)

Outro famoso que participou da guerra a bordo de um Avenger foi o ator Paul Newman, que se alistou para ser piloto, porém não foi aceito em razão de ser daltônico e atuou como artilheiro de cauda operando a mortal Browning M2 dorsal de cal .50.
Espero que tenham gostado. No próximo episódio falaremos mais sobre outras ilustres presenças em Fightertown e também sobre algumas curiosidades de Oshkosh 22.

Conto com o seu comentário ao final e até a nossa próxima aventura.

Texto: Rodolfo Hauck, enviado especial a Oshkosh.

Metalmoro 20

(*) Rodolfo Luiz Aquino Hauck tem 40 anos de experiência na indústria automobilística e sempre esteve envolvido com competições automobilísticas desde 1976, quando iniciou no Kart, fazendo provas de Turismo e rally. Por seis anos, foi responsável pelo desenvolvimento e preparação de carros de endurance e rally de uma montadora. Trabalha atualmente também com fotografia.

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