Quando escrevia este texto me dei conta de que estamos a 90 dias do EAA Air Venture 2023. É incrível como o tempo passa. As expectativas são muito elevadas e como prometeu o CEO e presidente do EAA, Jack Pelton, para 2023, na comemoração dos 70 anos do EAA Air Venture em Oshkosh, “faremos um evento de aviação jamais visto”.

Mikoyan-Gurevich MIG 17
Mikoyan-Gurevich MIG 17 (Foto: Rodolfo Hauck)

Bem, já que o tempo está contra, vamos acelerar e contar mais sobre 2022.

Continuamos com o nosso passeio por Fightertown. Vamos abordar um pouco sobre um dos mitos da guerra fria ali presente: o Mikoyan-Gurevich MIG 17. Trata-se uma evolução do bem-sucedido MIG 15, projetado por Artem Mikoyan e Mikhail Iosifovich Gurevich um dos primeiros caças de asas enflechas. Quando surgiu durante a guerra da Coreia superou todos caças americanos até a chegada do North American F-86 Sabre.

O MIG 17 voou pela primeira vez em janeiro de 1950, dotado de um motor turbojato com pós-combustão Klimov VK-1F de 2.288 kgf de empuxo seco e 3.367 kgf com pós-combustão atingia a velocidade máxima de 1.145 km/h.

Leia mais: Números de um ano recorde (5ª parte)

Rápido e manobrável, bem armado, podeia levar no nariz um canhão de 37 mm Nudelman N-37 ou até três canhões de 23 mm Nudelman-Rikhter NR-23 e também até 500 quilos de armamento em suportes sob as asas. Conseguia carregar ainda bombas de 100 quilos ou 250 quilos, foguetes não guiados ou tanques de combustível externos. Desta forma mostrou-se eficiente em ataques ao solo e um adversário de respeito em um Dogfight.

                                                                                     Mikoyan-Gurevich MIG 17
Mikoyan-Gurevich MIG 17

Eles tiveram vida longa. Durante a Guerra do Vietnam os norte-americanos preparados para enfrentar os MIG’s 19 e 21 que compunham a primeira linha da Força Aérea da República Popular do Vietnam se depararam com o “ultrapassado” MIG 17.

Os militares dos Estados Unidos ficaram chocados quando, em 1965, um MIG 17 abateu um, para época, sofisticado caça-bombardeiro F-105 Thunderchief. A questão era que a doutrina de combate norte-americana estava voltada para misseis ar-ar de curto e médio alcance, enquanto os pilotos norte-vietnamitas, treinados por chineses e soviéticos, se valendo da maior agilidade do seu velho MIG, buscavam o combate aproximado com o uso de canhões.

Leia mais: Números de um ano recordes (4ª parte)

Para mitigar essa debilidade, a Força Aérea dos Estados Unidos iniciou o projeto “Feather Duster” destinado a desenvolver táticas que permitissem aos caças norte-americanos mais rápidos. Mas também pesados e menos manobráveis a combater adversários menores e mais ágeis, como o MiG-17.

Mais de 11.300 unidades deste incrível avião foram produzidas na União Soviética, Polônia e China e ao longo de sua vida útil foi operado por 34 forças aéreas.

North American F-86 Sabre

Bem, já que falamos dos incríveis MIG’s 15/17. Mas não podemos deixar de falar de seu principal oponente: o North American F-86 Sabre. Para atender a um requerimento da USAF (United States Air Force) de 1944 para um caça monoposto de elevada altitude, o pai do P-51 Mustang, o projetista-chefe da North American Aviation, Edgar Schmued desenvolveu a partir do FJ-1 Fury de asas retas, protótipo o XP-86A que voou pela primeira vez em outubro de 1947.

O F-86-F equipado com um motor General Electric J47-GE-27 turbojet, com 5,910 lbf de empuxo, atingia a velocidade máxima de 1.106 Km/h e um teto de serviço de 49.600 ft (15.100m). Seu armamento era constituído de seis metralhadoras M3 Browning cal. 0.50 no nariz e comforme da missão também podia levar sob as asas 18 foguetes SNEB de 68 mm não guiados ou 2.400 kg de bombas. 

Leia mais: Números de um ano recordes (, e partes)

Na sua principal arena de combate, a Guerra da Coreia, ao enfrentar os MIG’s 15/17 o poder de fogo das suas seis metralhadoras cal. 0.50 se mostraram inferiores aos canhões dos seus opositores. Entretanto, valendo-se da potência, manobrabilidade de seu caça e, principalmente, a experiência em combate, aviadores norte-americanos, na sua maioria veteranos da Segunda Guerra, conseguiram a proporção de 14 vitórias por uma perda.                                                                   

Douglas A-1 Skyraider

Douglas A-1 Skyraider
Douglas A-1 Skyraider

Quando você ouve “Sandy”, provavelmente pensará em uma cantora, mas para aqueles que já assistiram ao filme “Intruder A6, um voo para o Inferno” seguramente se recordarão da cena de um caça no resgate de pilotos abatidos. O avião que aparece fazendo ataque ao solo e dando cobertura ao resgate é um Douglas A-1 Skyraider também chamado de “Sandy”

Esta espetacular aeronave de ataque ao solo nasceu de uma necessidade da Marinha e Força Aérea Americana, ainda na Segunda Guerra, quando perceberam que o conflito no Pacífico poderia se estender. Eles também não possuíam no seu inventário uma aeronave embarcada capaz de cumprir a extensa gama de missões que agora se apresentava.

Foi quando, em 1944, a equipe da Douglas Aircraft Corporation liderada por Ed Heinemann apresentou o projeto de uma aeronave para substituir os TBF Avenger e SB2C Helldiver. Assim, em 18 de março de 1945 o A-1 fazia o seu primeiro voo. Equipado com um motor radial Wright R-3350-26W Duple Cyclone de 18 cilindros produzia 2.700 hp e impulsionava uma hélice de quatro pás. Ele demonstrava sua enorme capacidade de carga e deixava clara sua vocação missões de ataque ao solo.

Devido a suas dimensões e blindagem, pesava vazio 4.749 quilos, com velocidade máxima de 517 km/h e alcance de 2.500 quilômetros. Apesar de ser uma aeronave lenta para o combate ar-ar, para missões de apoio a tropas e ataque ao solo era “o” avião. Robusto e fortemente armado com quatro canhões de 20mm, o modelo podia ainda levar nos seus quinze pontos duros sob as asas até 4.490 kg de diversos tipos de bombas, foguetes, minas, torpedos e tanques de combustível descartáveis.

O Skyraider foi o último avião de ataque movido a pistão usado pela Marinha e Força Aérea dos EUA, produzido em 28 versões. Não chegou entrar em combate na Segunda Guerra. Entretanto, será sempre lembrado pelo seu inestimável serviço prestado como aeronave de apoio durante as Guerras da Coréia e sobretudo do Vietnã, onde devido à natureza extremamente perigosa das suas missões 266 foram perdidos.

De tudo um pouco

Mas Oshkosh não é feira somente de aviões. Eentre os 803 expositores presentes se encontra absolutamente de tudo para voar. Há desde de rebites, passando por kits completos de aeronaves, instrumentos, suítes aviônicas extremamente sofisticadas e até sistemas de oxigênio para quem quer levar o seu pet para voos mais altos em aeronaves não pressurizadas.

Entre tantas opções de motorização é possível comprar uma base VW Turbo com 2.2 litros e 100 Hp apresentada pela Aero Vee. Ela conta com um turbo instalado próximo à parte traseira e sistema de injeção/ignição eletrônica

No mercado de pulgas pode se encontrar muitas preciosidades, como bombas de abastecimento vintage totalmente restauradas e funcionais, com algumas chegando a custar US$ 10.000.

Espero que tenham gostado, mas como dizem por lá “Everything that flies, flies in Oshkosh” na próxima matéria falaremos mais sobre outras ilustres presenças não só em Fightertown, mas também em toda feira.

Até a próxima e conto com o seu comentário ao final.         

Texto: Rodolfo Hauck, enviado especial a Oshkosh.

Metalmoro 20

(*) Rodolfo Luiz Aquino Hauck tem 40 anos de experiência na indústria automobilística e sempre esteve envolvido com competições automobilísticas desde 1976, quando iniciou no Kart, fazendo provas de Turismo e rally. Por seis anos, foi responsável pelo desenvolvimento e preparação de carros de endurance e rally de uma montadora. Trabalha atualmente também com fotografia.

⇒ VOCÊ E O ACELERA AÍ
Dicas e sugestões: redacao@aceleraai.com.br
Visite e curta: 
facebook.com/aceleraaibh/
Instagram e Twitter/@aceleraaibh
Você também pode acessar o conteúdo pelo 
www.bhaz.com.br
O editor Eduardo Aquino apresenta a coluna Acelera BandNews, na Rádio BandNews FM BH (89,5). Já o editor Luís Otávio Pires é colunista da Rádio Light FM de BH (103,9)