O Acelera Aí iniciou no ano passado a publicação da série “Nas asas da história”, que coloca você dentro do mundo do museu EAA Aviation Museum, localizado em Oshkosh, no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, onde é realizado todos os anos a maior feira de aviação do mundo. Nosso colaborador Rodolfo Aquino conta em alguns capítulos tudo sobre esse lugar que fascina quem curte avião, onde a imaginação levanta voo.

Esse é o capítulo 4 e fique ligado porque, em breve, publicaremos o 5.

Com uma incrível coleção de mais de 200 aeronaves históricas e exposições de objetos fascinantes e galerias, o EAA Aviation Museum é um desses lugares imperdíveis.

O museu é uma das mais impressionantes atrações do mundo aeronáutico e um destino que está disponível durante todo o ano para os aficionados pela aviação ou por aqueles que gostariam de conhecer um pouco mais da história aeronáutica.

 

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Poberezny P-5 “Pober Sport”

Em 1956, Paul Poberezny fez um esboço do que seria o Pober Sport. Com a  ajuda da esposa e do irmão, Paul começou a construir o Sport a partir da fuselagem de um Ace Ace Baby e um trem de pouso do Piper J-3.
Restaurando algumas partes danificadas de outras aeronaves, Paul concluiu, em 1959, o Pober Sport a tempo de voar no EAA Fly-In Convention daquele ano.

Na primavera de 1960, após alguns testes e ajustes, o Pober Sport estava pronto para enfrentar um grande desafio. Com o objetivo de divulgar o potencial das aeronaves de construção caseira e promover a EAA (Experimental Aircraft Association), Paul havia planejado uma aventura para o seu Pober Sport. Durante o mês de maio de 1960, o piloto e engenheiro Anders “Andy” Ljungberg  percorreu os Estados Unidos fazendo demosntrações e divulgando a EAA em uma viagem total de 13.100 milhas, realizada em 121 horas e 25 minutos de vôo (30 dias de duração total). Andy visitou 72 cidades em cada um dos 48 estados continentais dos Estados Unidos.

O voo de Andy no Pober Sport trouxe prestigio ao EAA e aos aviões construídos em casa,  provando que, mesmo sem equipamentos sofisticados, os homebuilts eram máquinas seguras, confiáveis e práticas e que poderiam ser usadas para viagens prolongadas. A enorme adesão de novos membros ao EAA comprovou que a estrategia elaborada por Paul de fazer um tour foi acertada e esta jornada épica do Sport inspirou a construção de aeronaves em todo o país.
Paul planejara disponibilizar alguns planos para o Pober Sport, mas, devido à falta de tempo e recursos, não conseguiu produzi-los, ficando limitado a simples esboço na edição de novembro de 1956 da revista Experimenter.

Por essa razão, o pequeno avião esportivo que inspirou construtores e uniu os membros da EAA de costa a costa é uma aeronave única e que ficará preservada no AirVenture Museum nos próximos anos.

Especificações: comprimento: 5,73m; envergadura: 7,34m; altura: 1,82m; peso bruto: 408 quillos; lugares: 1; motorização: Continental C-85, de 85hp; velocidade de cruzeiro: 130 mph (210 Km/h).

 

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Antares MA-30

O Antares MA-30 foi projetado e fabricado pelo engenheiro russo Sergey Zozulya a partir de 1991 e, para poder ser utilizado em diversas partes do mundo, este projeto em configuração Trike, utilizando asa Rogallo, foi construído em estrutura de aluminio/titanio, carenagem semi-integral em fibra de vidro e equipado com um flexivel e robusto trem de pouso, possibilitando que a aeronave fosse capaz de voar com rodas convencionais, pneus de tundra, flutuadores ou esquis.

Em meados de 1992, Mike Jacober e Joel Wallace decidiram voar com os seus MA-30 até o cume do Monte McKinley (agora conhecido como Denali), que se eleva a 6.164 metros acima do nivel do mar – o pico mais alto da América do Norte onde as temperaturas podem chegar a 70°c negativos com ventos de até 240 Km/h. A partir de dezembro de 1992, Mike e Joel passaram a se reunir semanalmente com seus amigos Matthew Howard e David Swendiman para discutirem os planos da aventura, descobrindo o que precisariam de equipamentos, vestuario, alimentação, combustível, etc., e fazendo planos de contingência para diferentes situações.

Em 1º de maio de 1993, o grupo lançou sua expedição a partir de Talkeetna, a uma altitude de 346 pés, com Matthew e David voando para o Acampamento Base de Kahiltna em um Cessna 185 com todos os suprimentos, enquanto Mike e Joel voaram os seus Antares MA-30 através da geleira de mais de 60 milhas de extensão. O grupo passou cinco dias em Kahiltna se preparando para o vôo até o cume.

Em 6 de maio, Mike e Joel vestiram seus trajes de vôo, colocaram suas máscaras e cilindros de oxigênio e partiram com os seus MA-30 rumo ao topo do Monte McKinley. Uma série de pequenos problemas impediu Joel de chegar ao topo, mas isso não atrapalhou Mike que, cerca de 20 minutos depois, estava alto o suficiente para atravessar os picos de Kahiltna até o contraforte sul do Monte McKinley.

A aproximadamente 9.500 pés (2.900 metros), o MA-30 pegou uma corrente ascendente por cerca de 3.000 metros, o que permitiu que Mike alcançasse o pico Sul. Porém ao chegar a cerca de 50 metros do cume, em razão da baixa potência do motor, agravada pela altitude, a aeronave já não subia mais. Se valendo da sua enorme habilidade em voar em correntes térmicas, Mike então fez cerca de uma dúzia de giros de 360 graus em torno do pico e aproveitando a corrente ascendente da face Sul conseguiu superar o cume, alcançando a altitude de 20.470 pés (6.240 metros). Depois de circundar o cume, Mike tirou algumas fotos, desligou o motor e planou de volta a Kahiltna.

Pelos seus feitos, dedicação e contribuição à aviação esportiva, Mike tem sido lembrado como um dos pioneiros, instrutor apaixonado, especialista em correntes térmicas e certamente viveu de acordo com cada título que lhe foi atribuído. Após seu falecimento em 2002, ele foi incluído no Hall of Fame da EAA Sport Aviation como um dos mais respeitados pilotos de ultraleves e promotor desta modalidade de aviação.

Em 2004, Ginny Jacober, a viúva de Mike, doou seu Antares MA-30 para o EAA Aviation Museum onde se encontra em exposição de destaque.

Especificações: comprimento: 2,5m; envergadura: 10,5m; peso vazio: 154 quilos; peso maximo de decolagem: 395 quilos; velocidade de cruzeiro: 55 mph (88Km/h); velocidade máxima: 60 mph (96km/h); lugares: 1; motorização: Rotax 503 2T, de 50hp.

 

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North American P-51 Mustang

Esse avião foi sem dúvida o mais versátil e amado caça aliado a combater na Segunda Guerra Mundial, sendo o segundo mais bem sucedido, já que abateu 4.950 aeronaves inimigas (só perdendo para o F6F Hellcat com 5.223 aeronaves abatidas e que, em maior número, entrou no teatro de operações no Pacifico quase um ano antes).

Projetado em 1940 atendendo a um apelo da Grã-Bretanha, que sofria de uma desesperada carencia de aeronaves de combate, o projeto e construção do primeiro protótipo foi concluído em apenas 117 dias e mostrado em setembro de 1940. Em 26 de outubro deste mesmo ano, o avião designado como NA-73X efetuou seu primeiro voo.

Denominado como Mustang Mk.1A pelos ingleses e armado com quatro canhões Hispano-Suiza HS.404 de 20mm, na primavera de 1942 passou a ser operado pelos britãnicos como aeronave de reconhecimento tático e ataque ao solo. Tal emprego foi em razão do projeto inicial utilizar o motor Allison V-1710, certificado para operar bem a baixas altitudes, resultando em fraco desempenho em niveis mais elevados, o que limitava muito seu papel de caça de interceptação e superioridade aerea.

Em outubro de 1943, a Oitava Força Aérea do Exército dos EUA recebeu seus primeiros P-51 (modelos B) impulsionado pelo motor Packard V-1650-7, uma versão do Rolls-Royce Merlin produzida sob licença, desenvolvendo 1.590hp, podendo operar até o teto de 41.000 pés (12.800 metros)

O P-51D, com sua capota de bolha, armado com seis metralhadoras M2 Browning .50 (12,7 mm), equipado com motor Rolls-Royce Merlin de 1.490hp e com um alcance 3.300 quilômetros se equipado com tanques alijáveis, surgiu em 1944 e se tornou a principal versão de produção (7.956 construídos). Devido a sua manobrabilidade, desempenho, armamento e alcance, o Mustang P-51D dominou os céus da Europa, principalmente como uma escolta de longo alcance sobre territorio inimigo para os bombardeiros aliados. Durante a Segunda Guerra Mundial, os P-51 realizaram quase 214.000 missões em todos os teatros de guerra, destruindo 4.950 aeronaves inimigas e sendo responsável por quase metade das perdas totais sofridas pelo inimigo no teatro europeu.

Os Mustangs da Força Aérea dos EUA também serviram com distinção no Conflito Coreano (1950-1953). Ao todo, os Mustangs serviram às forças aéreas de mais de 50 outros países. Hoje, o P-51 é o mais popular dos warbirds com uma legião de admiradores e presença indesipensável em eventos de aviação nos Estados Unidos.

Este XP-51, em exposição no EAA AirVenture Museum, foi o último dos quatro protótipos construídos pela North American Aircraft em 1940, e o primeiro P-51 entregue às Forças Aéreas do Exército dos EUA. O XP-51 No. 4 foi adquirido pela EAA após anos de armazenamento no Museu Nacional do Ar e do Espaço do Smithsonian. Foi completamente restaurado em 1975-1976 por Darrell Skurich de Fort Collins, Colorado, voando após restauração no Air Venture Oshkosh de 1976 até que Paul Poberezny fez o vôo final no final de 1982.

Fotos e texto: Rodolfo Hauck, colaborador do Acelera Aí (*)

 

Metalmoro 20(*) Rodolfo Luiz Aquino Hauck tem 40 anos de experiência na indústria automobilística e sempre esteve envolvido com competições automobilísticas desde 1976, quando iniciou no Kart, fazendo provas de Turismo e rally. Por seis anos, foi responsável pelo desenvolvimento e preparação de carros de endurance e rally de uma montadora. Trabalha atualmente também com fotografia.

 

 

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